quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Até onde vai nossa resposabilidade social?

O melhor se de ser estagiário é sentir-se o profissional: o jornalista.
O estágio promove contato direto e real com a área escolhida, tem-se na prática o que é aprendido na teoria na faculdade e tira-se a prova se essa é realmente a profissão que se deseja seguir pelo resto da vida.
Antecipa ao aluno dificuldades que encontrará quando se formar e o defronta com questões éticas e ideológicas tão presentes na profissão. E o faz parar, na marra, para pensar no papel da imprensa na vida das pessoas, tanto daquelas entrevistadas quanto daquelas que vislumbrarão o produto final do trabalho,seja lendo-o, assistindo-o ou ouvindo-o. É uma verdadeira prova de fogo. Superando-a, as chances são enormes em permanecer na área de jornalismo. Ou de abandoná-la de uma vez.
Uma menina de São Caetano de apenas seis anos recebeu um transplante de coração de uma criança, vítima de bala perdida, de 12 anos, na última sexta-feira. A situação trágica atraiu diversos veículos de comunicação. O caso ganhou a mídia nacional: Globo, SBT, TV Record.
Ao contatar a mãe da menina, ela não escondeu a mágoa, mas, sem dúvida, o sentimento foi diminuído diante da felicidade do renascimento de sua filha. “Quando precisávamos da mídia para divulgar a campanha nacional de doação de órgãos, ninguém se propôs a defender a nossa causa. Agora, que já conseguimos, dei mais de quatro entrevistas apenas hoje.”
Somos abutres atrás de carniça? Assim me senti na hora. Se a menina tivesse morrido, o que aconteceria em questão de semanas ou meses, culparia em parte o descaso da imprensa.
O jornalista possui uma forte responsabilidade social e deve lutar junto com o veículo onde trabalha para executá-la. Claro que não são todas as mazelas e necessidades da sociedade que serão divulgadas pela imprensa e, quiçá, resolvidas por ela. Mas o jornalista deve se lembrar, em meio a busca muitas vezes insana por pautas quentes e furos jornalísticos, do seu comprometimento com a população. Mais que isso: com a sua consciência.
Se fosse a sua filha que precisasse de um transplante, não daria um jeito de o caso atingir a mídia? Tenho certeza que sim.

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