domingo, 7 de outubro de 2007

Vida de estagiário realmente não é fácil


Estava pensando no que postar no último dia do projeto desse blog. Pesquisei notícias em internet, jornais, televisões...Tudo muito batido. Então resolvi entrar no YouTube. Vi alguns vídeos e, depois de alguns deles, vi um chamado de Vida de estagiário não é fácil. Ao vê-lo, percebi a grande alusão que o pequeno filme traça com o dia-a-dia dos que têm esse tipo de trabalho.

Um grupo de jovens busca carona e eles são completamente ignorados. Quase perdendo as esperanças – estavam diante de um calor infernal, um sol escaldante, em uma parte da cidade aparentemente despossuída de outra alternativa de transporte – os jovens viram um carro parar. A alegria toma conta até o ponto que o motorista pergunta sobre o Hospital do Coração. Eles não acreditam, mas não perdem a motivação de seguir em frente. Eis que, depois de muito insistirem, uma santa alma aparece oferecendo a tão esperada carona.

A analogia está justamente em que o estagiário enfrenta uma jornada muitas vezes desgastante e que, se quiserem algo no futuro, terão que lutar, aparecer. Não basta apenas reclamar das coisas, tem que agir. Os jovens do vídeo perseveram em busca do objetivo. O estagiário que quer ser notado, tem que fazer a mesma coisa, sem ficar esperando que tudo caia do céu.

Para finalizar, outro vídeo que me chamou atenção foi o de como os empregadores vêem os estagiários.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Fim do jornalismo impresso?

Ao ingressar na faculdade, uma das primeiras perguntas que é feita aos estudantes é em qual área do jornalismo pretende-se trabalhar. É praticamente unânime a resposta: em impressos.
Porém, soa meio contraditória e até meio burra essa opção, já que está mais que comprovado o espaço que a internet tem conquistado e roubado desse tipo de veículo.
No Reino Unido, leitores de 15 a 24 anos dizem que gastam 30% menos tempo com jornais desde que começaram a usar a internet.
Na França, 50% das pessoas nascidas antes de 1940 lêem um jornal regularmente. Dos nascidos entre 1940 e 1960, somente 30% o lêem diariamente – e esta porcentagem é de 20% para os mais jovens.
Somos mais que participantes dessas estatísticas, somos os responsáveis pelos resultados.
Se sonhamos em trabalhar em jornal impresso, porque raios não o temos o hábito de lê-lo?
Porque não somos pseudo-moralistas e sabemos que a internet é muito mais acessível e prática. E por essa característica, prioriza o imediatismo da transmissão da informação o que, muitas vezes, deixa defasado o conteúdo da matéria. Há pouca apuração das informações e sobra de superficialidade.Ambos os veículos buscam informar os leitores e tornar mais crítico o senso comum. Acreditar que o desenvolvimento de um acarretará no desaparecimento do outro é subestimar a capacidade do homem de se adaptar.

Longo Caminho


Pelo que me consta, essa é a última semana de postagem nesse espaço. Foi uma experiência singular e que muito nos ajudou a compreender o que vem pela frente nas redações que nos aguardam.

Escrever semanalmente a respeito de um assunto específico e que na maioria das vezes não é algo que realmente nos interessa, é sim, um exercício e tanto.

Foi bacana brincar de Cony, Clóvis Rossi, Veríssimo e tantos outros que abrilhantam o nobre espaço jornalístico. Não fizemos crônicas tão boas mas bagunçamos muito.

Nesse meio tempo podemos afirmar que crescemos como profissionais e sobretudo como pessoas. Tivemos uma baixa considerável no nosso “Rat Pack” e seguimos confiantes de que a luta continua.

Além do mais temos ainda muitas redações a cruzar e se pintar algum estágio bem remunerado, por que não?

Quero agradecer a todas as visitas e comentários em nome de toda a nossa turma e deixar bem claro aqui que o mercado vai ganhar qualidade assim que todos nós estivermos inseridos nele (no bom sentido, diga-se).

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Para poucos


Em uma reportagem publicada pela Folha em agosto de 2003, mostra-se que a concorrência para uma vaga de estágio ou trainee é maior do que a de um exame vestibular.

As pesquisas apontavam que naquele ano, 30,7% de jovens estavam entre os desempregados do país, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). A conseqüência da falta de emprego resulta na concorrência quase que inacreditável para algumas vagas de estágio em empresas ou instituições. Segundo a reportagem da Folha, “para 872 vagas de trainees e estagiários em 19 grandes empresas em 2002, 180 mil pessoas se inscreveram, uma média de 206 candidatos por vaga”. Para se fazer uma comparação, o curso mais concorrido no vestibular da Fuvest em 2007 foi o de Publicidade e Propaganda, com 45,74 candidatos por vaga.

A questão é que mesmo esse fato ter acontecido em 2003, a dificuldade para arranjar emprego continua até hoje, sem contar nos índices que continuam aumentando. Mais aí vai um recado para você, estudante: não fique preocupado se não conseguir aquela vaga de estágio. Com essa concorrência, não é a competência que está em jogo, mas sim, uma questão de sorte ...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O pão que o diabo amassou

A pessoa mais injustiçada desse mundo vos fala. Sou mais coitada do que Tom Hanks em "O Náufrago". Parei para pensar na minha condição de estagiária, estudante de jornalismo e mulher. Meus caros, tenho uma vida inteira de sofrimento pela frente. É de causar inveja aos sadomasoquistas.

Estagiário sofre. E a constituição é conivente com isso. A lei de 7 de dezembro de 1977 (tem que ser criação da ditadura!) regulamentada pelo Decreto 87.497 padroniza o estágio no Brasil. Sem vínculo empregatício, o estagiário não tem direito a salário (é opcional à empresa remunerá-lo), vale-refeição, vale-transporte, férias, quanto menos ao 13º. O único direito do estagiário é o cafezinho (ugh!) do escritório ou da redação.

Estudante de jornalismo também sofre (mas nem por isso abandona a arrogância e o espírito pseudocult). Uma pesquisa/reportagem que o grupo de estagiários da Editora Abril fez permite breve noção a respeito disso. Segundo tal reportagem, estimativas de 2005 apontam que 497 eram as faculdades de jornalismo no país. No mesmo ano, 53,5 mil estudantes ingressaram na área e 28 mil recém-formados foram lançados ao mercado. Considerando que o mercado de jornalistas já está saturado, a situação se revela alarmante. Onde o mercado enfiará tanto jornalista? Certamente, a maior parte deles ficará de fora das redações. Segundo o Observatório Universitário, apenas 12,5% dos graduados em jornalismo atuam na área.

ATENÇÃO: estudantes de jornalismo que fazem uso de fluoxetina, parem de ler esse post agora mesmo. O piso salarial de um jornalista é um empurrão para a gente cortar os pulsos, embora isso ainda soe como eufemismo. R$ 750,00 o piso mínimo; R$ 1.185,11 o médio; e R$ 2.029,00 o máximo. Não, um canudo não é garantia de futuro tranqüilo.

Mulher sofre mais do que estagiário e estudante de jornalismo junto. Apesar de ocuparmos 51,5% das vagas nas redações, o quadro de chefia está predominantemente em mãos masculinas. E nossa remuneração, segundo a Fenaj, é cerca de R$ 500,00 menor. Isso sem falar nos nossos castigos fisiológicos mensais, nas dores da depilação, na ditadura da beleza à qual estamos submetidas, na tripla jornada (trabalho, maternidade e cuidados com a aparência), no machismo maldito embutido na sociedade brasileira, na idéia da restrição feminina aos prazeres da vida...

Tirem suas próprias conclusões enquanto eu me consolo com uma travessa de lasanha.